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Horace Silver: a lenda do jazz tem sangue cabo-verdiano

  • Foto do escritor: Sopro Cultural
    Sopro Cultural
  • 11 de mai. de 2018
  • 3 min de leitura

O pianista e compositor de jazz norte-americano era filho de João Tavares Silva, de Cabo Verde, e Gertrude, uma norte-americana.



Horace Ward Martin Tavares Silva. Pelos dois últimos apelidos é fácil adivinhar as origens da grande lenda do jazz norte-americano. A primeira vez que ouvi falar de Horace Silver, estava sentada (recentemente) com meu tio, Cutchiss, no sofá da minha casa a ouvi-lo falar sobre como ele, o meu pai e o primo deles, o compositor Betu, se aventuraram pelos caminhos da música. Para mim, foi um espanto ouvir o meu pai a tocar violão, embora já soubesse da veia musical que corre nas veias da família Tavares Silva, da ilha do Maio.


Voltando àquele dia da conversa com o meu tio, por algum motivo que, já não me lembro exatamente qual, surgiu o nome Horace Silver. Eu, que adoro jazz, fiquei intrigada com a minha ignorância. O meu tio Cutchiss. perguntou-me se nunca tinha visto uma foto de um homem a tocar piano na sala da casa da minha avó paterna, que fica na ilha do Maio. Recordei-me de imediato, mas não sabia quem era o pianista da foto. Foi então que Cutxiss disse-me: "É o Horace Silver. Grande nome do jazz norte-americano, e nosso primo. É da família Tavares Silva". Tavares Silva é a família da minha avó paterna. E que feliz fiquei ao saber deste laço sanguíneo.


Entre várias pesquisas sobre a vida de Horace Silver, hoje, constam na minha playlist, algumas músicas deste meu já falecido relativo, como a famosa "Song for my Father" que hoje conta com mais de três milhões de visualizações no youtube. Arrependo-me amargamente de não ter tido, na minha adolescência, uma curiosidade maior em saber quem era o homem da foto.



Horace Silver foi um dos principais músicos do hard-bop e do soul-jazz dos anos cinquenta com um estilo próprio de execução e composição que sofreu as influências do gospel negro, bebop, raízes latinas e de r&b.


Nascido em Norwalk, no dia dois de setembro de 1928, Silver cresceu escutando a música folclórica de Cabo Verde, terra natal de seu pai. Nessa época ele também absorveu o jazz popular, o blues e o gospel. Ele começou tocando saxofone e piano na escola secundária, influenciado por Thelonious Monk e Bud Powell. Silver foi contratado por Stan Getz em 1950 e trabalhou com ele durante um ano.


Depois de mudar para New York em 1951, Silver tocou e gravou com várias estrelas de jazz, inclusive Miles Davis, Milt Jackson, Lester Young e Coleman Hawkins. Sua primeira gravação como líder foi com Lou Donaldson em 1952 para a Blue Note, iniciando uma relação profissional que durou 28 anos.


Silver trabalhou também com Art Bakley no “Jazz Messengers” em 1953, grupo que lançou os fundamentos da era do hard-bop. O perfil de Silver como líder e compositor cresceu muito nas duas décadas seguintes, especialmente com a autoria de melodias como, "Doodlin", "Opus De Funk", "Sister Sadie" e em 1964 seu grande sucesso, "Song For My Father".


Como a banda de Blakey, o seu grupo se tornou um chão fértil para o desenvolvimento de jovens talentos, entre eles os irmãos Brecker, Joe Henderson, Woody Shaw e Benny Golson.


Horace Silver (originalmente Silva, dada a ascendência cabo-verdiana), faz o som típico que agrada os ouvidos menos treinados ou afeitos ao jazz. O pianista usa e abusa das técnicas mais intrincadas das composições atonais, mas acaba sempre agregando passagens mais acessíveis a essas peças. A expectativa que o acompanhamento das variações dessas execuções gera à volta ao tema original é algo impressionante e impagável.

¨Song for my Father¨ - inspirada em ritmos brasileiros - primeira faixa do álbum homônimo, além de belíssima, funciona como trampolim para as demais composições que externam expressiva atenção às raízes paternais do autor.


Este, porém, é apenas um dos fatores que acabam por enriquecer a obra de Horace Silver. Há o ser humano. Sua humildade ao destacar os solos dos companheiros de banda em seus álbuns e apresentações; além da postura sempre honrosa diante das adversidades da vida. Típico caso em que a personalidade ratifica a obra, que por sua vez, faz o caminho inverso e realimenta o mito do artista completo.




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